sábado, 6 de maio de 2017

A Solidão


É tarde da noite e o inverno se aproxima. Em minhas memórias estão lembranças de um passado que mesmo engavetado, fica entreaberto e vez ou outra faço uma viajem pra lembrar das ruínas, dos abismos, da melancolia que agora se transformou em solidão.
Detalhes são preciosos e a única companhia visível nessa madrugada fria. Uma música triste ecoa pelo ambiente e petrifica os buracos machucados causados por ilusões perdidas em algum memorial de frustrações amorosas.
Amedronta o passar dos anos, os cabelos brancos que vão aparecendo e uma inocência e simplicidade que vai ressurgindo da época em que eram tempos mais simples e felizes.

(...) tic-tac tic-tac toc

O silêncio reside em mim, o espasmo pela chegada que nunca se vinga e pela partida prometida. Profetizando as mesmas histórias e realinhando as velhas esperanças de sempre. É caótico e vicioso, circular e contínuo, Como um camundongo que roda em sua gaiolinha, como um cavalinho de parques de diversões no carrossel.
Diante do espelho uma faceta estranha, que parece não pertencer a mim e que está presa nesse corpo. O desabrochar das mágoas é assustador e permanente. Causa estranheza e mantém uma atmosfera retrógrada a medida que olhares vagos se formam curiosos em busca de alguma resposta pela incógnita que se forma no pairar de seu semblante cansado e desanimador.

Adoravelmente coloca-se em posição de abandono e se conforta com o arrependimento nas moradas do seu choro ingênuo e puro. Retorna as gavetas e percebe que aquelas fotografias, aqueles escritos, aquelas lembranças pertencem a mesma pessoa sim e conclui que o que fica é a essência.

(...)

Estrelas tímidas no céu iluminam o recesso de sua angústia. A névoa do amanhecer anuncia o retrato de suas cicatrizes já gélidas e pálidas pelo passar dos anos. Não resta nada além de acreditar em mentiras empoeiradas e pendurar-se no único fio de verdade que ainda possa existir: a si mesmo...

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